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Reino Unido e Alemanha reforçam cooperação em matéria de migração e defesa
O Reino Unido e a Alemanha assinaram, esta quinta-feira, o "Tratado de Kensington", o primeiro pacto formal entre os dois países desde a Segunda Guerra Mundial, deixando a porta aberta a um pacto tripartido com a França. Num contexto marcado pela ameaça russa, a incerteza sobre o futuro de Washington na NATO e a pressão da extrema-direita face à imigração, o acordo estabelece planos para uma cooperação continental mais estreita em caso de ataque à Europa mas também de combate à imigração ilegal.
Foi durante a primeira viagem oficial do chanceler alemão, Friedrich Merz, ao Reino Unido que Berlim estreitou os laços com Londres, nomeadamente em matéria de migração, defesa, comércio e educação, incluindo um quadro para intercâmbios escolares. "Tínhamos-vos na União
Europeia e pensávamos que era suficiente mas agora estamos a aprender
que não é suficiente, por isso temos de fazer mais", declarou Merz.
O chanceler alemão considerou que o acordo estava atrasado e aproveitou a ocasião para expressar pesar pela saída
do Reino Unido da União Europeia (Brexit): "pessoalmente, lamento profundamente". Por sua vez, o primeiro-ministro britânico também reiterou "a ambição de trabalhar cada vez mais estreitamente em conjunto".
O "Tratado de Kensington", assinado no Museu Victoria and Albert em Londres, pelo primeiro ministro Keir Starmer, Friedrich Merz, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy e o seu homólogo alemão, Johann Wadephul, inclui um série de acordos.###1670034##Nomeadamente, uma cláusula mútua em matéria de segurança nacional, incluindo o reconhecimento comum de que a Rússia representa "a ameaça mais significativa e direta" para ambos os países, a aquisição e desenvolvimento conjunto de tecnologias de defesa, a criação de uma futura linha ferroviária entre Londres e Berlim, e ainda compromissos para impulsionar programas de intercâmbio escolar e laços culturais.
Cooperação tripartida entre Londres, Paris e Berlim
Após a assinatura deste acordo e uma semana depois de Londres e Paris terem assinado um acordo de repatriamento para combater a migração irregular, Friedrich Merz apelou a um pacto tripartido entre a Alemanha, o Reino Unido e a França.
"A cooperação entre o Reino Unido e a França tem de ser
complementada por um acordo que pretendemos alcançar entre nós os três:
Reino Unido, Alemanha e França», afirmou Merz.
Após a visita de Estado do presidente francês ao Reino Unido na
semana passada, Emmanuel Macron estará em Berlim na próxima quarta-feira. "Queremos reduzir consideravelmente a imigração ilegal em toda a Europa. Estamos no bom caminho, mas ainda não atingirmos o objetivo", afirmou Friedrich Merz.
Keir Starmer agradeceu à Alemanha ter aceitado alterar esta ano a sua legislação para criminalizar a facilitação da imigração ilegal para o Reino Unido.
De acordo com o primeiro-ministro britânico, o " compromisso do
Chanceler Merz de efetuar as alterações necessárias à legislação alemã
para interromper o abastecimento das perigosas embarcações que
transportam imigrantes irregulares através do Canal da Mancha é
extremamente bem-vindo".
A assinatura do acordo e o apelo de Friedrich Merz para o seu alargamento surge num momento em que cresce a pressão do partido da extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD) na Alemanha, país onde a migração e os gastos com defesa têm sido criticados. O partido de Friedrich Merz, a União Democrática Cristã (UDC), tem sido acusado de não ter uma alternatica clara à retórica populista.
com agências